No Natal a vida renasce, reaviva, e se recupera.
No presépio, o Menino, nos diz: “Estou aqui porque te amo”. É próprio do amor, sair de si, ir ao encontro, descer, abaixar-se. O amado e o amante tendem à união e conformação. Por amor, Deus assume nossa carne, nosso corpo e quer repousar no estábulo de nossos corações para que creiamos em seu amor. Só os amados amam, só os amados mudam, só os amados evangelizam.
O Menino Jesus, é uma caricia do amor do Pai, um afago de Deus para nós seus filhos. Quem ama faz presentes. Acolhamos o presente que o amor do Pai nos oferece: O Menino Jesus. Não podemos viver num “ateísmo afetivo”, numa crise de carência amorosa. Natal é colo, abraço, afago e beijo de Deus. É sorriso do amor. Um sorriso abre mil portas.
O mundo precisa ser sensibilizado e curado pela beleza e a riqueza do amor de Deus. Eis o Natal. Belém é uma prova surpreendente e arrebatadora do amor de Deus. Ele ama primeiro. Ele desce e vem. Ele se assemelha a nós em tudo. Ele está no Menino. Na estrebaria. Na periferia. Humilde e pobre. Deus ama primeiro e amará até o fim. Seu amor é fiel.
Como podemos chegar ao ponto de trocar o Menino pelo velho Papai Noel? Como abandonar a estrebaria e colocar o Menino nas vitrines do mercado? Como explicar que a festa da encarnação, nos leve a viver um cristianismo desencarnado? É Natal de Jesus. Ele é o centro, a estrela, o aniversariante. Natal com Jesus é o mínimo e o melhor que nos pode acontecer.
O amor de Deus continua nos atrair. Ele transforma erros em bênçãos, desgraças em graças, desencontros em encontros, feridas em felicidade. Os desertos se transformam em jardins, os carros armados em arados e tratores, os trajes de luto em vestes de festa. O Natal nos torna mais humanos, sensíveis, solidários, bondosos, alegres.
As pessoas amadas são confiantes, alegres, centradas, criativas. Onde há amor há vigor. O amor não cansa nem se cansa. Sem amor tudo é pesado, até um grão de areia. Deixemo-nos acariciar pelas criaturas, elas são sacramentos do amor do Pai. O Natal vem ajudar-nos a redescobrir que somos amados até ao ciúme, até a loucura da manjedoura e da cruz. Deixemo-nos amar, porque só os amados são centrados, equilibrados, felizes.
Jesus é o amor em pessoa. Ele é o amor de Deus. Seus gestos e atitudes são, “epifania do amor”. Ele veio ao mundo, ao submundo e ao imundo, para dizer: “Deus amou tanto o mundo que nos deu seu filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Jesus é o melhor presente de natal. Vamos abrir as portas do coração ao salvador. È preciso crer no amor de Deus.
Natal, festa do amor de Deus, provoca glória nos céus, paz na terra, alegria universal porque nasceu o Salvador e seu reino não terá fim. É preciso permanecer no amor. Neste Natal vamos renascer. Voltemos ao primeiro amor. Nada nos separa do amor de Deus. Ele crê em nós, confia em nossa pessoa, investe em nós. O amor de Deus é incondicional, gratuito, sem medidas. Deixemo-nos amar. Aceitemos ser amados, aceitemos ser aceitos, pois Deus se agrada dos que “confiam esperando no seu amor”, diz o salmista.
O amor de Deus manifestado no Natal, é um amor que sai de si, se abaixa, dá o primeiro passo. Amor inefável, incondicional, imensurável. Um amor do coração de Deus. Antes de ser ferido na cruz, o coração de Deus é ferido de amor no Menino de Belém. Um dia apareceu a bondade de Deus e seu amor para com toda a humanidade. Este dia bendito é o dia do nascimento de Jesus. Quem ama faz mil loucuras pelo amado, dizia Santa Teresinha. “O Senhor, renovar-te-á no seu amor” (Sof. 3,17). Alegremo-nos pelo amor com que Deus nos ama em Jesus Cristo. No seu amor nos predestinou a ser filhos no Filho. Natal é a festa da nossa filiação divina, é festa do amor de Deus.
Dom Orlando Brandes