LITURGIA DO 3º DOMINGO DO ADVENTO - 11/12/2011



"DEUS VEM PARA A ALEGRIA DOS POBRES!"
Este terceiro domingo do Advento é um convite para vivermos e testemunharmos a alegria. Alegria que não é mera diversão ou euforia. É a alegria da certeza de que o Reino de Deus está no meio de nós, por isso, com o Apóstolo Paulo, dizemos: “Estai sempre alegres!” e “Daí graças em todas as circunstâncias, porque essa é a vontade do Senhor a vosso respeito”.

3º DOMINGO DO ADVENTO
1ª Leitura: Is        61,1-2a.10-11
Responsório:  Lc 1,46-50.53-54
2ª Leitura: 1Ts 5, 16-24
Evangelho: Jo 1, 6-8.19-28
  
EVANGELHO – JOÃO 1, 6-8.19-28
6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz.

19Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?”

20João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”.

21Eles perguntaram: “Quem és, então? És tu Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”.

22Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?”

23João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías.

24Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?”

26João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, 27e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”.

28Isto aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.

Palavra da Salvação – Glória a vós, Senhor.

HOMILIA – Dom Henrique Soares da Costa

Este terceiro domingo do Advento tem um tema predominante: a alegria provocada pela vinda do Senhor. Por isso, a cor rosa, que pode ser usada como um roxo atenuado. Alegrai-vos (Gaudete!) – convida-nos a liturgia, inspirando-se nas palavras do Apóstolo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl. 4,4s).

Mas, pensando bem: há motivos para alegria verdadeira, profunda, responsável? Ante as lutas e fardos da vida, podemos realmente alegrar-nos? Antes as feridas e machucaduras do nosso coração, é possível uma alegria duradoura e verdadeira? Ante os desacertos e desvios do mundo, é realmente possível este gáudio a que nos convida a Igreja, com as palavras de São Paulo? E, no entanto, o convite é insistente: Alegrai-vos!

Contudo, antes do convite à alegria, ao júbilo, à exultação, permiti-me um outro convite: pensemos na vida de frente, como ela é, para cada um de nós e para os outros. Faço este convite porque somente assim nossa alegria poderá ser realista e verdadeira. Não esqueçamos que há também uma alegria boba, tola, tonta, irresponsável, que brota da superficialidade ou da ilusão... Não é dessa que falamos aqui...

Pois bem! A nossa vida – a minha, a sua! - gostaríamos que ela fosse como quiséramos, gostaríamos de controlá-la, de garantir que tudo saísse bem para nós e para os nossos, para os nossos e para todos... E, no entanto, constatamos com pesar que não temos em nossas mãos a nossa existência. Que duras as palavras de Jeremias profeta: “Eu sei, Senhor, que não pertence ao homem o seu caminho, que não é dado ao homem, que caminha, dirigir os seus passos” (10,23). O mundo não é como gostaríamos, os nossos caros não são e não vivem como esperávamos e nós mesmos tampouco vivemos a vida que sonhamos... Nosso mundo anda estressado, as pessoas sentem-se sozinhas, meio como que perdidas, ante uma crise generalizada de valores e de sentido... Que caminho seguir? Que rumo tomar? Que valores são valores realmente ou, ao invés, mera ilusão? Conservamos ou destruímos o sentido sagrado do matrimônio e da família? O Governo Lula começa a dar os primeiros passos para legalizar o assassinato de crianças no útero materno – vamos concordar? Vamos ainda votar nos deputados e senadores de Alagoas que votarem a favor desse crime pagão? Vamos reeleger esse presidente, caso ele aprove esse crime hediondo? Castidade, honestidade, respeito pela vida, moralidade, são ainda valores? A vida é, deveras, estressante... E o Senhor nos exorta: Alegrai-vos! E neste Domingo de Advento, a Igreja insiste: Alegrai-vos! Alegrai-vos no Senhor! O cristão não tem direito ao desânimo, ao desespero, ao derrotismo... Alegrai-vos! E alegrai-vos sempre! Mas, alegrai-vos no Senhor! E por quê? Porque ele está perto! Não nos deixa nunca: ele vem sempre como Emanuel - Deus conosco!

Pensemos nas palavras tão consoladoras das leituras deste hoje! São para a terra deserta do coração do mundo e para o nosso: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e cresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores! Seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus!” Que cristão, que homem ou mulher de boa vontade não lamentam a situação atual da humanidade? Quem não sente na vida a tentação de fraquejar, e a mordida do desencanto? Quem, às vezes, não pergunta onde Deus está, que parece tão distante e ausente? Escutai: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é o vosso Deus: ele vem para vos salvar!’” É esta a esperança do santo Advento: a esperança num Deus que não nos esquece, não nos desilude, não nos deixa sozinhos... um Deus que vem ao nosso encontro no Santo Messias esperado! O profeta Isaías promete: “Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos”. E o que o profeta promete, o Senhor Jesus vem realizar: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobre são evangelizados!" Eis aqui o motivo da nossa alegria: a certeza da fé em Jesus Cristo: ele é a presença pessoal de Deus entre nós, ele é aquele que cura nossas feridas, sustenta-nos na fraqueza, enche de doce presença o nosso coração solitário! Confiemos ao Senhor o mundo, a nossa vida, os nossos problemas, as coisas que nos preocupam. Lutemos e confiemos; lutemos e enchamos o coração de esperança no Senhor! A salvação que ele trouxe haverá de se manifestar um dia: “A Vinda do Senhor esta próxima” – diz-nos São Tiago!

As grandes tentações para o cristão de hoje são a falta de entusiasmo e de esperança, um cansaço ante a paganização do mundo e a teimosia humana... A consequência é a falta de uma alegria verdadeira. Procuram-se cristãos alegres, cristãos convictos, cristãos radicais! Precisa-se urgentemente de cristãos apaixonados, cristãos de verdade, cristãos que creiam no que acreditam! Afinal, somente há alegria duradoura e profunda somente quando se encontra o sentido da existência, e este sentido nos é oferecido pelo Cristo; unicamente em Cristo! Esperemos nele: na sua palavra, no seu juízo, na sua graça! Ele não nos esqueceu, ele não está ausente do mundo e da nossa vida! Recordemos a forte exortação de São Tiago: “Ficai firmes até à Vinda do Senhor! Ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a Vinda do Senhor está próxima! Irmãos, tomai como modelo de sofrimento e firmeza os profetas que falaram em nome do Senhor!”

O Advento não somente nos prepara para a celebração da primeira vinda do Senhor no Natal, mas nos convida a reconhecer suas vindas na nossa vida e a esperar com ânsia e compromisso sua Vinda final! Caminhemos caríssimos, na alegria de quem espera com certeza: “Alegrai-vos sempre no Senhor! O Senhor está perto!”

ORAÇÃO
Ó Deus de bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o natal do Senhor, daí chegarmos às alegrias da Salvação e celebrá-las sempre com intenso júbilo na solene liturgia. Amém!