"DEUS VEM PARA A ALEGRIA DOS POBRES!"
Este
terceiro domingo do Advento é um convite para vivermos e testemunharmos
a alegria. Alegria que não é mera diversão ou euforia. É a alegria da
certeza de que o Reino de Deus está no meio de nós, por isso, com o
Apóstolo Paulo, dizemos: “Estai sempre alegres!” e “Daí graças em todas
as circunstâncias, porque essa é a vontade do Senhor a vosso respeito”.
3º DOMINGO DO ADVENTO
1ª Leitura: Is 61,1-2a.10-11
Responsório: Lc 1,46-50.53-54
2ª Leitura: 1Ts 5, 16-24
Evangelho: Jo 1, 6-8.19-28
EVANGELHO – JOÃO 1, 6-8.19-28
6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio dar testemunho da luz.
19Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?”
20João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”.
21Eles
perguntaram: “Quem és, então? És tu Elias?” João respondeu: “Não sou”.
Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”.
22Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?”
23João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías.
24Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?”
26João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis, 27e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”.
28Isto aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
Palavra da Salvação – Glória a vós, Senhor.
HOMILIA – Dom Henrique Soares da Costa
Este
terceiro domingo do Advento tem um tema predominante: a alegria
provocada pela vinda do Senhor. Por isso, a cor rosa, que pode ser usada
como um roxo atenuado. Alegrai-vos (Gaudete!) – convida-nos a liturgia,
inspirando-se nas palavras do Apóstolo: “Alegrai-vos sempre no Senhor.
De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl. 4,4s).
Mas,
pensando bem: há motivos para alegria verdadeira, profunda,
responsável? Ante as lutas e fardos da vida, podemos realmente
alegrar-nos? Antes as feridas e machucaduras do nosso coração, é
possível uma alegria duradoura e verdadeira? Ante os desacertos e
desvios do mundo, é realmente possível este gáudio a que nos convida a
Igreja, com as palavras de São Paulo? E, no entanto, o convite é
insistente: Alegrai-vos!
Contudo,
antes do convite à alegria, ao júbilo, à exultação, permiti-me um outro
convite: pensemos na vida de frente, como ela é, para cada um de nós e
para os outros. Faço este convite porque somente assim nossa alegria
poderá ser realista e verdadeira. Não esqueçamos que há também uma
alegria boba, tola, tonta, irresponsável, que brota da superficialidade
ou da ilusão... Não é dessa que falamos aqui...
Pois
bem! A nossa vida – a minha, a sua! - gostaríamos que ela fosse como
quiséramos, gostaríamos de controlá-la, de garantir que tudo saísse bem
para nós e para os nossos, para os nossos e para todos... E, no entanto,
constatamos com pesar que não temos em nossas mãos a nossa existência.
Que duras as palavras de Jeremias profeta: “Eu sei, Senhor, que não
pertence ao homem o seu caminho, que não é dado ao homem, que caminha,
dirigir os seus passos” (10,23). O mundo não é como gostaríamos, os
nossos caros não são e não vivem como esperávamos e nós mesmos tampouco
vivemos a vida que sonhamos... Nosso mundo anda estressado, as pessoas
sentem-se sozinhas, meio como que perdidas, ante uma crise generalizada
de valores e de sentido... Que caminho seguir? Que rumo tomar? Que
valores são valores realmente ou, ao invés, mera ilusão? Conservamos ou
destruímos o sentido sagrado do matrimônio e da família? O Governo Lula
começa a dar os primeiros passos para legalizar o assassinato de
crianças no útero materno – vamos concordar? Vamos ainda votar nos
deputados e senadores de Alagoas que votarem a favor desse crime pagão?
Vamos reeleger esse presidente, caso ele aprove esse crime hediondo?
Castidade, honestidade, respeito pela vida, moralidade, são ainda
valores? A vida é, deveras, estressante... E o Senhor nos exorta:
Alegrai-vos! E neste Domingo de Advento, a Igreja insiste: Alegrai-vos!
Alegrai-vos no Senhor! O cristão não tem direito ao desânimo, ao
desespero, ao derrotismo... Alegrai-vos! E alegrai-vos sempre! Mas,
alegrai-vos no Senhor! E por quê? Porque ele está perto! Não nos deixa
nunca: ele vem sempre como Emanuel - Deus conosco!
Pensemos
nas palavras tão consoladoras das leituras deste hoje! São para a terra
deserta do coração do mundo e para o nosso: “Alegre-se a terra que era
deserta e intransitável, exulte a solidão e cresça como um lírio.
Germine e exulte de alegria e louvores! Seus habitantes verão a glória
do Senhor, a majestade do nosso Deus!” Que cristão, que homem ou mulher
de boa vontade não lamentam a situação atual da humanidade? Quem não
sente na vida a tentação de fraquejar, e a mordida do desencanto? Quem,
às vezes, não pergunta onde Deus está, que parece tão distante e
ausente? Escutai: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos
debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais
medo! Vede, é o vosso Deus: ele vem para vos salvar!’” É esta a
esperança do santo Advento: a esperança num Deus que não nos esquece,
não nos desilude, não nos deixa sozinhos... um Deus que vem ao nosso
encontro no Santo Messias esperado! O profeta Isaías promete: “Então se
abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O
coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos”. E o que o
profeta promete, o Senhor Jesus vem realizar: “Ide contar a João o que
estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos
andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e
os pobre são evangelizados!" Eis aqui o motivo da nossa alegria: a
certeza da fé em Jesus Cristo: ele é a presença pessoal de Deus entre
nós, ele é aquele que cura nossas feridas, sustenta-nos na fraqueza,
enche de doce presença o nosso coração solitário! Confiemos ao Senhor o
mundo, a nossa vida, os nossos problemas, as coisas que nos preocupam.
Lutemos e confiemos; lutemos e enchamos o coração de esperança no
Senhor! A salvação que ele trouxe haverá de se manifestar um dia: “A
Vinda do Senhor esta próxima” – diz-nos São Tiago!
As
grandes tentações para o cristão de hoje são a falta de entusiasmo e de
esperança, um cansaço ante a paganização do mundo e a teimosia
humana... A consequência é a falta de uma alegria verdadeira.
Procuram-se cristãos alegres, cristãos convictos, cristãos radicais!
Precisa-se urgentemente de cristãos apaixonados, cristãos de verdade,
cristãos que creiam no que acreditam! Afinal, somente há alegria
duradoura e profunda somente quando se encontra o sentido da existência,
e este sentido nos é oferecido pelo Cristo; unicamente em Cristo!
Esperemos nele: na sua palavra, no seu juízo, na sua graça! Ele não nos
esqueceu, ele não está ausente do mundo e da nossa vida! Recordemos a
forte exortação de São Tiago: “Ficai firmes até à Vinda do Senhor! Ficai
firmes e fortalecei vossos corações, porque a Vinda do Senhor está
próxima! Irmãos, tomai como modelo de sofrimento e firmeza os profetas
que falaram em nome do Senhor!”
O
Advento não somente nos prepara para a celebração da primeira vinda do
Senhor no Natal, mas nos convida a reconhecer suas vindas na nossa vida e
a esperar com ânsia e compromisso sua Vinda final! Caminhemos
caríssimos, na alegria de quem espera com certeza: “Alegrai-vos sempre
no Senhor! O Senhor está perto!”
ORAÇÃO
Ó
Deus de bondade, que vedes o vosso povo esperando fervoroso o natal do
Senhor, daí chegarmos às alegrias da Salvação e celebrá-las sempre com
intenso júbilo na solene liturgia. Amém!