"DEUS VEM COMO REDENTOR!"
O
Advento é tempo de reavivar a esperança naquele que vem para nos
salvar. Humildemente reconhecemos nossas transgressões e o absurdo de
nossa indiferença. Mas Deus é grande, não desiste de nós! Sejamos “barro
em suas mãos”. Como bom oleiro Ele fará de nós algo que seja agradável.
Nossas boas serão então as maravilhas que o próprio Senhor realizará em
nós.
1º DOMINGO DO ADVENTO
1ª Leitura: Isaias 63, 16b-17.19b; 64,2b-7
Salmo: 79
2ª Leitura: São Paulo aos Coríntios 1, 3-9
Evangelho: Marcos 13, 33-37
EVANGELHO – MARCOS 13, 33-37
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 33Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. 34É
como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a
responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E
mandou o porteiro ficar vigiando. 35Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. 36Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. 37O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”
Palavra da Salvação – Glória a vós, Senhor.
HOMILIA – Dom Henrique Soares da Costa
Este
é o primeiro domingo do Advento, o tempo de quatro semanas que nos
prepara para o Natal do Senhor. Tudo, na liturgia, nos ajudará nessa
preparação, na espera, cheia de esperança: o roxo significa a vigilância
de quem aguarda com ânsia de amor, a moderação das flores ajuda-nos a
concentrar nossa atenção naquele que vem, o “Glória” não cantado
prepara-nos para cantá-lo como novidade na Noite Santa do Natal. Os
sentimentos do nosso coração devem ser a vigilância, a piedade humilde
de Maria Virgem, de José, dos pastores, de Simeão, Zacarias e Isabel, o
espírito de conversão anunciado por João Batista, o sonho de um mundo
“cheio da sabedoria do Senhor como as águas enchem o mar” (Is. 11,9),
como Isaías profetizou... Aproveitemos essas quatro semanas tão doces,
que recordam a espera de Israel e da humanidade pelo Messias! Ele vem...
vem vindo sempre! Celebraremos o mistério do seu Natal em Belém,
recordando que ele vem a cada dia e virá na Glória no final dos tempos.
Preparemo-nos para ele!
Nos
textos bíblicos que a Igreja hoje nos propõe, o Senhor sonda as
angústias, carências, pobrezas e saudades do coração humano e nos fala
precisamente da esperança: ele é o Deus que vem ao encontro dos nossos
anseios mais profundos, o Deus pronto para nos saciar... Mas também nos
exorta a vigiar, a nos preparar para acolher o Dom esperado - e o Dom é o
seu próprio Filho, que vem ser Emanuel - Deus-conosco. Aliás, é esta a
miséria do mundo atual: busca a paz, procura a vida, tem sede de
plenitude e felicidade, mas não busca naquele que é a saciedade do nosso
coração e a salvação da nossa existência.
O
homem tem sede e Deus, misericordiosamente envia-lhe a água, que é o
Messias... e o nosso mundo não o reconhece; antes, renega-o! Vejamos se
não é assim; vejamos se Deus não é todo doação para nós, e recordemos a
palavra do Profeta: “Acontecerá nos últimos tempos que o monte da casa
do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das
montanhas. A ele acorrerão todas as nações, para lá irão povos
numerosos.. porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a Palavra do
Senhor”. Eis: de Israel, Deus prepara uma salvação, uma luz, uma direção
para toda a humanidade. O homem sozinho não encontra o caminho, por
mais que teime em se julgar grande e auto-suficiente. No entanto, à
nossa pobreza, o Senhor vem com uma promessa tão grande. E, se o coração
da humanidade acolher a salvação que vem, a luz que brilha, então,
encontrará a paz: “Ele há de julgar as nações e argüir numerosos povos;
estes transformarão suas espadas em arados e suas lanças em foices: não
pegaram em armas uns contra os outros em não mais travarão combate”. Eis
a promessa de Deus: dá-nos a salvação; eis o sonho do Senhor: encontrar
uma humanidade que acolha o Salvador, dele bebendo a paz! Se acolhermos
o Messias que Deus nos envia, nele veremos a luz verdadeira e nossas
guerras interiores e exteriores se transformarão em paz... Nossas armas
que destroem, serão transformadas em arados que geram alimento de vida!
No
nosso mundo ferido, cansado, incerto... mundo que já não mais crê de
verdade em nada, a promessa do Senhor é como um alento. Acreditemos,
irmãos! Quão triste o mundo se os cristãos viverem sem esperança, sem
certeza, sem ânimo, como os pagãos... Este Tempo do sagrado Advento quer
levantar nosso ânimo: o Senhor, cujo Natal celebraremos dentro de
quatro semanas, é o mesmo que virá um dia, na sua Manifestação gloriosa!
Nossa vida tem rumo e sentido. Vigiemos: “Vós sabeis em que tempo
estamos! Já é hora de despertas. Agora a salvação está mais perto de nós
do que quando abraçamos a fé. A noite deste mundo já vai adiantada, o
Dia vem chegando” – o Dia é Cristo, Salvação que Deus nos prometeu e nos
preparou! Então: “Despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as
armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia” – como quem
vive já agora, durante a noite deste mundo, no Dia, que é Cristo-Deus:
“nada de glutonarias e bebedeiras, nem de orgias sexuais e imoralidades,
nem de brigas e rivalidades. Pelo contrário: revesti-vos do Senhor
Jesus”. Eis o modo de vigiar na noite deste mundo, eis o modo de
testemunhar que esperamos, na vigilância, o Salvador que nos foi
prometido e virá. Vigia pela vinda de Cristo quem rejeita as obras das
trevas! É oportuno recordar que este texto que escutamos da carta aos
Romanos, foi o que provocou a conversão de santo Agostinho, lá no
distante século V. A Palavra de Deus é sempre um apelo gritante e forte
para nós! Que ela nos converta também agora!
A
grande tentação para os discípulos de Cristo, hoje, é conformar-se com o
marasmo do pecado do mundo, é viver burguesamente, uma vida cômoda e
sem uma fé verdadeira e operante, sem aquela atitude de alegre
expectativa por aquilo que o Senhor nos prometeu, sem a vontade de
transformar a nossa vida por amor daquele que vem. Vamos nos ocupando e
distraindo com uma vida fútil, dispersa em mil bobagens, esquecendo
daquilo que realmente importa! Vale para nós a advertência seriíssima do
Senhor Jesus: “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé”:
naqueles dias, todos vivam tranquilamente: “comiam e bebiam, casavam-se e
davam-se em casamento, até que Noé entrou na arca e eles nada
perceberam...” Como agora: vive-se na farra do paganismo, do consumismo,
do relaxamento moral, de tantos absurdos contrários ao Evangelho... e
não percebemos que haverá um juízo decisivo de Deus para nós e para o
mundo, um juízo no qual o bem e o mal, o santo e o pecador, serão
separados: “um será levado e o outro será deixado”... Triste de quem for
deixado, triste de quem perder a companhia do Senhor, nossa paz! Feliz
de quem for levado com o Senhor! Pois bem: logo neste iniciozinho de
Advento, a advertência do Senhor é dramática: “Ficai atentos, porque não
sabeis em que dia virá o Senhor! Na hora em que menos pensais, o Filho
do homem virá!”.
Então,
enquanto o mundo dorme no seu pecado, na sua auto-satisfação, elevemos,
humildemente, nosso olhar e nosso coração para Aquele que vem: “A vós,
meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja
envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido
quem em vós espera!” – Marana thá! Vem, Senhor Jesus!
ORAÇÃO
Deus
todo-poderoso, concedei a vossos fiéis o ardente desejo de possuir o
reino celeste, para que, acorrendo com as nossas boas obras ao encontro
do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita na comunidade dos
justos. Amém!