Advogado e Membro do MFC MACEIÓ
Grupo Reencontro - 9ª Nucleação
Ao
ler a entrevista da Ministra Eliana Calmon, quem não conheço
pessoalmente, fiquei extasiado pela coragem, lucidez e veemência com que
expôs esta praga que assola o Poder Judiciário Brasileiro. De seu
lúcido depoimento, não retiraria uma vírgula sequer, apenas
acrescentaria que esses desvios de conduta, ultrapassam muita à visão da
Ministra; pois, se houvesse uma investigação honesta e atuante, o
percentual dos bandidos de toga alcançaria, sem medo de errar, 20% dos
magistrados. É utopia, mas ocorrendo uma investigação, como aconteceu
com o caso do assassinato da Juíza Patrícia Acioly, infelizmente, se
constataria às minhas afirmativas. Conclamo os homens e mulheres
honestos desse país, os colegas advogados, os estudantes e
principalmente os juízes para apoiarem esta GRANDE brasileira, que
atingiu a ferida do Poder que deveria ser um exemplo para a sociedade,
revigorando in totum os poderes do Conselho Nacional de Justiça.
Não
foi surpresa o posicionamento do Ministro Peluso, insurgindo-se em
favor dos juízes; depois da estranha entrevista que concedeu á Veja,
onde opinou por não prender os marginais, face a falta de cadeias e
ensejar a extinção de recursos jurídicos, é muito PEQUENO.
Este
exemplo deveria vir de cima para baixo, a sociedade precisa estancar
esta virose, porque ela esta se transformando em praga, e das brabas. A
Ministra deu o bote; a OAB, através de seu presidente Dr. Ophir
Cavalcante, meu paraninfo Dr. Marcelo Lavenere Machado, a ABI, a
sociedade como um todo devem apoiar e conclamar o posicionamento da
ministra Eliana Calmon, sob pena de deixar passar uma oportunidade,
talvez única, de sustar, arrefecer essa doença contagiosa que esta aos
poucos destruindo à honra e a vergonha dos homens honestos deste país.
Afirmo
isto, com a experiência de quarenta e cinco anos de advocacia; com a
participação como conselheiro da OAB/AL, presidente do Tribunal de Ética
e advogado atuante em todas as esferas do Judiciário. Anos atrás, era
inconcebível o desvirtuamento do poder judicante, era exceção da
exceção, hoje esta se tornando corriqueiro; antigamente os juízes
moravam em suas Comarcas, conviviam com a população, era um verdadeiro
sacerdócio, o concurso exigia uma prática jurídica de cinco a dez anos;
inclusive para evitar o favorecimento de parentes e filhos de
magistrados e desembargadores, enfim, eram respeitados pela sociedade
pela correção de suas vidas e atos; o que é uma pilhéria atualmente.
Impunham
um norte de querer primeiro ser, para depois ter; esta visão esta sendo
desvirtuada, é observada no estacionamento dos fóruns, onde vicejam
carros sofisticados e do ano; na fausta vida consumista que fazem
questão demonstrar, acham-se acima das outras camadas sociais, inclusive
e principalmente esquecem que são advogados.
Claro
que a maioria dos magistrados são decentes, mas, é um fato notório,
clarividente esta mudança nefasta, crescente e perigosa dessa minoria
extasiada pelo consumismo desvairado.
A
Veja cita o caso de 39 juízes que não eram investigados
especificamente, surgiu o problema por acaso e se multiplicam nas
constatações feitas com muito critério pelo CNJ que deve ser
prestigiado, pois, surgiu como um freio, desde que às Corregedorias dos
TJ’s, são inócuas.
Quero
deixar claro que esta é uma opinião pessoal, inclusive descrente desse
país, roubado de seus melhores sentimentos, pelos poderes públicos que
deveriam outorgar à nossa sociedade exemplos de grandeza e honradez.
Ministra,
será uma pena que seu ato de extrema coragem e cidadania não seja
aproveitado como mote, pela sociedade para tentar estancar essa epidemia
que vem assolando nossa Justiça.